
Por Melissa Fernandez, repórter da Agência Dominium
Em reunião nesta terça-feira (18), o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu manter a mistura do biodiesel à gasolina no patamar de 14%. Havia expectativa de que o percentual fosse elevado para 15% a partir de 1º de março deste ano.
Com a decisão, o governo adia a implementação do cronograma do CNPE de aumento da mistura do biodiesel sob o argumento de conter a alta no preço dos combustíveis e alimentos.
O cronograma que prevê aumento gradual no percentual de mistura do biodiesel foi antecipado pelo CNPE em dezembro de 2023. Ficou definido que o diesel teria incremento de 14% de biodiesel em 2024 e 15% a partir de 1º de março de 2025. Com a decisão desta terça-feira, o calendário fica adiado até a próxima reunião do colegiado, prevista para junho.
Impacto econômico e popularidade
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a decisão se deu devido à falta de previsibilidade do impacto na população. Há preocupação do Planalto quanto aos efeitos da decisão na popularidade do governo, uma vez que o biodiesel é mais caro que derivados fósseis. Pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira (14) apontou queda expressiva na aprovação do presidente Lula de 35% para 24%, somado a um aumento recorde na reprovação, que foi de 34% para 41%.
Segundo uma das fontes, a decisão decorreu do encarecimento do biodiesel em função dos custos da matéria-prima. A ideia foi evitar maior pressão sobre os preços do diesel, principal combustível usado no transporte de carga e alimentos, com um aumento da mistura neste momento, em meio à preocupação do governo com a alta de preços aos consumidores.
Em nota divulgada pela Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio), o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) argumenta que o uso de biocombustíveis não tem influência sobre o preço dos alimentos.
“A inflação dos alimentos não é responsabilidade dos biocombustíveis, cuja contribuição para o meio ambiente e para a economia é inegável. A solução é o aumento da produção, que depende de financiamento e previsibilidade, questões para as quais o governo pode contribuir decisivamente, ao invés de adotar medidas intempestivas”, justificou o deputado.